A cachaça me fez rabiscar:
Soube hoje, amanhã é dia dos pais.
Elas querem mais esse dia do que eu.
É mãe querendo almoço solene,
Esposa querendo saber o que eu quero,
Sogra sem saber o que querer,
Filha que insiste em crescer,
Pessoinha pirulito parceirinho.
Lembrei que prefiro caipirinha.
Lembrei de piscina, de domingo comum.
De irmãos. Sem pai não tem.
Lembrei que tem muitos sem.
Que pra vários, já faltam.
Que de todos, só meus filhos
Eu e meus irmão, ainda temos.
Eu tenho e sou. Hoje me vi.
Vivi que sou. Sem dia solene.
Sem saber querer, além de ser.
Sem querer dia pra mim.
Pai é dança, é temperança.
Paciência com mãe que manda.
Falha e persistência. Ida e volta.
Diária. Voz grossa. Barba. Braços.
Esperança de imortalidade.
Dignidade e experiências.
Não tem dia, temos ombros.
Filhos que montam. Que confiam.
Soube que era um dia de domingo.
Dos pais. Início de semana.
Meio de ano. Meio ébrio.
Meio responsabilidade.
Meio solenidade. Meio continuidade.
Perene paridade. Parto repartido.
Porto. Partida. Retorno. Saudade.
Parceria, Paternidade.
Só um domingo, na piscina.
Uma tarde a mais.
E que bom. Que seja assim.
Simples e duradouro.
Em mim.
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