Última noite (carta para os que vivem), para quando eu morrer
E se fosse o último… Se realmente acabasse hoje. Não sou de escrever assim. Pensando em fim. Vivo mundano. Na ilusão de controle. Escrevo mundano, ébrio e noite. Mas a questão é outra. É se o fim fosse hoje. Independe de como. O ponto é ser final. Os que ficam é que me importam. Pois quem foi, no caso eu, não importo. Não pra quem não mais é. Mas pra quem ainda esperava algo de mim, meu fim é algo. E isto pode ser objeto de preocupação. Mesmo que fosse meu último dia. Ainda seria essa minha provável última ideia. E eles ainda teriam muitos pensamentos. Sentimentos. Quanto mais próximos os membros dos círculos de relacionamentos, de intimidade e de confiança, maiores seriam as dores. Não por ser especial. Mas porque é sempre assim. Coisa de gente. Nojentamente nos tornamos responsáveis por aqueles que cativamos, não é? Então faltar, nos prova que nada controlamos. E isso desespera. Literalmente tira a esperança. O senso de controle. Só nos resta o de pertencimento. De que fo...